Uma das idéias que mais têm levado o profissional à acomodação é a de amar o que faz.

Quando você ama o que faz, pode se tornar um prisioneiro da rotina e uma vítima da acomodação. Quando você somente se preocupa em amar o que faz, corre o risco de em vez de olhar para o cliente, se identificar com a calculadora que usa no escritório, com o elevador do qual é ascensorista ou com o computador que tem em cima da mesa.

Não ame simplesmente o que você faz, ame o próximo! Ame a pessoa que está à sua frente, que o procura com seus dramas e desejos.
Existe um ser humano à sua frente que precisa se sentir importante.

Quem trabalha com amor e por amor jamais vai tratar o outro como coisas ou como partes de uma engrenagem.

Certa vez eu visitava um hospital e vi um médico que tratava mal uma criança. Quando tive oportunidade, fui conversar com ele sobre o ocorrido e ouvi a seguinte resposta: “Roberto, o que você quer? Com o salário ridículo que eu recebo isso é o máximo que posso dar”.

É verdade que é ridículo o salário de um médico de hospital público, como também é ridículo o que a maioria dos professores ganha nas escolas públicas. Contudo, um médico que maltrata o paciente ou um professor que humilha o aluno não merece sequer esse salário.

O primeiro compromisso do profissional é com o outro, e não com o salário que ganha. Ele precisa ver claramente qual é sua missão no planeta Terra. A motivação do bom profissional vem da consciência de sua importância na vida das pessoas.

O bom professor dá uma boa aula não porque vai ganhar bem, mas porque tem consciência da sua importância na formação do aluno que está cruzando seu caminho. O cientista, dentro do laboratório, deve ter a consciência de como seu trabalho pode criar uma vida melhor para alguém que ele nunca vai conhecer pessoalmente.

Você já imaginou a motivação que precisa ter um soldado da Polícia Militar que, em troca de um salário ridículo, despede-se todos os dias da família para enfrentar os bandidos, arriscando a própria vida?
Você já imaginou a motivação que precisa ter um motorista ou um cobrador de ônibus que trabalha em uma grande metrópole e ganha uma miséria para enfrentar a loucura de um dia-a-dia de trânsito?
Quando o sentido de servir é a motivação, a pessoa realiza seu trabalho com a consciência de sua importância e nem precisa receber um “muito obrigado” da pessoa que ajudou.

Maurício Vergani, um grande amigo meu, certo dia me disse algo lindo: “Eu faço meu trabalho o melhor que posso porque, na verdade, não estou preocupado em agradar o meu chefe, mas em servir a Deus”.
É pouco provável que ele se sinta frustrado se alguém não agradecer seus esforços. Mas é certo que se sente mais feliz com seu trabalho do que a maioria das pessoas.
Além do mais, quem trabalha com amor no coração consegue evoluir financeiramente. Por exemplo: um médico que trata bem as crianças de um hospital que lhe paga pouco vai conquistar uma clientela satisfeita com seus serviços, e seu consultório particular acabará ficando lotado.

Mesmo que você ganhe um salário pequeno, tenha certeza de que, servindo ao próximo com competência, receberá muitas recompensas, e a melhor de todas é a convicção de estar cumprindo sua missão.

Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de 13 títulos, entre eles:
Os Segredos dos Campeões, Tudo ou Nada, Heróis de Verdade, Amar Pode Dar Certo, O Sucesso é Ser Feliz e A Carícia Essencial
(www.clubedoscampeoes.com.br)

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