Ludwig Van Beethoven é um dos nomes mais conhecidos da história da música. Nascido em 1770 em Bonn, na Alemanha, filho de um tenor e músico da corte, o jovem Beethoven não levava uma vida luxuosa. Aos oito anos ele fez sua primeira apresentação em público como pianista. Apesar do talento prodigioso, Beethoven era maltratado pelo pai dominador, rabugento e bêbado, que o forçava a tocar para divertimento de seus amigos. (...)

Em 1787, Beethoven partiu rumo a Viena para estudar com os mestres. Ignorante quanto aos costumes da alta sociedade e descuidado com a própria aparência, ele não se entrosava com os sofisticados músicos Vienenses. Mesmo assim, logo ganhou fama de pianista brilhante. Quando sua estrela começava a subir, a morte de sua mãe obrigou-o a voltar para Bonn, onde assumiu a responsabilidade de ajudar a família. Ao retornar a Viena alguns anos mais tarde, Beethoven buscou orientação com Haydn e outros compositores proeminentes da época, como Albrechtsberger e Salieri. Logo, ele estava criando sinfonias e executando suas próprias composições ao piano.

Quando tudo parecia dar certo, algo começou a dar muito errado: aos trinta e poucos anos, Beethoven começou a ter problemas de audição.

Um distúrbio inicialmente sutil foi piorando rapidamente até que, em poucos anos, ele ouvia apenas sons distorcidos e não conseguia distinguir qualquer som alto. A cruel ironia da situação – o músico que não podia mais ouvir a própria música – levou Beethoven ao desespero profundo.

Embora não pudesse continuar a tocar, Beethoven não dobrou suas partituras e procurou isolar-se do mundo. Ele sabia que ainda podia compor. E dedicou-se a compor sob uma perspectiva ainda mais complexa e apaixonada.

Esse fôlego renovado resultou na terceira sinfonia, a Heróica, que agitou o mundo da música. Paradoxalmente à medida que sua audição se deteriorava, sua musica florescia. Ele concluiu dois de seus maiores trabalhos – a Quinta e a Sexta Sinfonia – em 1808, e em 1823 compôs a Nona Sinfonia. Inspirado no grande poema de Schiller, Ode à Alegria, a Nona Sinfonia personificou os ideais do Iluminismo, desde a declaração de independência até a ciência emergente da era industrial. Escrita por um compositor quase completamente surdo é considerada uma das maiores obras de arte já realizadas.

Se Beethoven tivesse se deixado subjugar pela perda auditiva, ele e o mundo teriam perdido um importante marco para o progresso humano. Por sorte, a natureza concedeu-lhe uma dádiva tão preciosa quanto seu gênio musical: a coragem de enfrentar mudanças devastadoras, recusando-se a deixar seu talento murchar por causa de um golpe do destino.
(...)A vida é dura... e nem sempre é justa. Mas isso não quer dizer que ela não possa ser boa, gratificante e prazerosa. Ainda há muitas razões para dizer sim à vida.

IG